"Por mim, gostaria que pudéssemos acordar no seguinte: nem mais tempo nem mais dinheiro são suficientes, só por si, para assegurar crescimento económico.
Podemos, hoje, reivindicar mais tempo e mais dinheiro. E eu posso acompanhar essa reivindicação, mas tenho de saber para quê. Porque, se mais tempo e mais dinheiro servirem apenas para aliviar a austeridade, como pretendem alguns (menos impostos, mais despesa, manter défices públicos mais elevados), a essa proposta eu direi não. Se o objetivo é esse, poderíamos até melhorar a vida dos portugueses, durante mais algum tempo, mas estaríamos a fazer tudo menos promover o crescimento económico - estaríamos, apenas, a cavar mais fundo o poço da dívida. Na aparência estaríamos melhor, na essência ficaríamos pior. Dessa terapia já tivemos o suficiente. Seria completamente irresponsável.
O dinheiro não pode alimentar consumo, financiado por dívida. O dinheiro tem de alimentar investimento, que crie emprego e rendimento, e, no fim (não no princípio) permita aumentar o consumo. Se o investimento não se revelar produtivo, no final, nem emprego, nem rendimento, nem consumo - como sabemos de experiência feita. Teriamos gasto o dinheiro, sem crescimento. É nisto que consiste, e bem, a chamada "condicionalidade" alemã."
Excertos da opinião de Daniel Bessa no Expresso (Economia) de 1 de Dezembro de 2012
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