quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

STOP


Macroscópio – Os novos censores e os novos caceteiros, ou os limites da liberdade de expressão

"Poderia continuar a citar mais textos e mais exemplos, mas julgo que o ponto está demonstrado: a agressividade de um certo politicamente correcto está a tornar-se ou uma séria ameaça à liberdade, ou criando situações que parecem querer renegar a nossa cultura em nome de uma tolerância que acaba por ser, antes de tudo o mais, intolerante. Sendo que se tem espalhado pela Europa sob a mais diversas formas, e ainda agora estamos a assistir a um debate bem significativo em Itália, onde o director de uma escola decidiu proibir o habitual concerto de Natal para não ofender a pequena minoria de estudantes de origem muçulmana.
 
Em Portugal também já assistimos a situações em que, pela intimidação, se procuram calar vozes discordantes (Henrique Monteiro, no seu texto que já citámos, refere-se a quem vem à caixa de comentários dos seus textos sugerindo o seu despedimento, e todos sabem que Isabel Jonet, por exemplo, não pode abrir a boca sem que lhe caia meio mundo em cima…). Um dos melhores veículos para exercer essa intimidação é utilizando as redes sociais, como notou Isabel Stilwell no jornal I, em A nova censura das redes sociais. Aí conta como pensou escrever sobre três figuras públicas – Cavaco Silva, José Rodrigues dos Santos e Pe. Portocarrero de Almada – e acabou por não o fazer, a conselho dos filhos e de amigos, para não ser, mais uma vez, insultada nas redes sociais. E conclui: “Decididamente, este novo mundo virtual em que se difama e insulta, a coberto do anonimato e fora da lei, atenta contra a liberdade de expressão. E não fica assim tão longe do lápis azul.”

in Observador - Macroscópio - José Manuel Fernandes

sábado, 14 de novembro de 2015

Together we stand...divided we fall


O segredo do futuro da União Europeia será a capacidade de manter a firmeza na luta contra o terrorismo sem perder os valores democráticos, humanistas e sociais que sempre caracterizaram o espaço da União Europeia.

Como cidadãos europeus devemos ter a noção de que estamos em guerra. Uma guerra diferente das guerras do passado. Não é tempo para divisionismos nem para perdermos os nossos valores que são a matriz da União Europeia e que nos distinguem de outros países com matrizes ideológicas e religiosas totalitárias. Se mudarmos os nossos valores, corremos o risco de nos tornarmos parecidos com aqueles que nos combatem!




Paris...sempre Paris




domingo, 8 de novembro de 2015

Anticomunista obrigada...perdão, obrigado!


"Cheguei à conclusão, depois de muito matutar, de que sou anticomunista. Acredito na economia de mercado, no capitalismo regulado e na iniciativa privada. Não acredito na coletivização da propriedade e da economia, na eliminação da competição nem na taxação intensiva do capital. O atual Partido Comunista não partilha estas minhas convicções. É coletivista, e foi sempre, ao contrário do que nos querem convencer, pragmático.
....
A destruição do centro, à esquerda, e a insensatez de quem nos tem governado, à direita, tornaram o combate ideológico um combate tribal, como o futebol. Um combate onde não vingam a inteligência e a ilustração. Muito menos a memória. Não é preciso invocar a Europa e a sua putativa falência, ou o diktat de Bruxelas, para concluir que o PS abriu a boceta de Pandora. Convencidos de que os comunistas mudaram, os socialistas serão, como recusaram historicamente ser, chantageados por um partido que joga aqui a sua derradeira cartada da História. O comunismo acabou em toda a parte, mas não aqui, não aqui. E não acabou aqui porque a desigualdade e a pobreza que a direita exalta em Portugal como regra de vida comum, como modo operativo de um capitalismo egoísta, autodidata e desmembrado, são a bandeira do PCP. São o seu eleitorado. Juntem-lhe os funcionários públicos num país envelhecido onde todos dependem do Estado, da banca aos artistas, e temos a explicação do anacronismo chamado Partido Comunista Português. Tal como o capital, o trabalho sabe defender-se.
O Partido Socialista meteu-se nesta querela sem ter trunfos na manga. Perdeu as eleições, e isso faz toda a diferença na potestade. O PS não tem sobre o PCP e o BE um direito potestativo. São eles que o têm, e exigirão a submissão. Não sei como sairá disto. Sei que das duas uma. Ou António Costa é um génio político e submete os parceiros à sua imponderável vontade ou caminhamos para a mais grave crise de regime depois do 25 de Abril. E, talvez, para o fim do regime saído do 25 de Abril.
Quanto a mim, sou o que sempre fui. Português e anticomunista, obrigado. Nisso, não mudei."

Clara Ferreira Alves in http://expresso.sapo.pt/politica/2015-11-07-Anticomunista-obrigada

terça-feira, 27 de outubro de 2015

Montanha soviética...perdão, russa


(Jerónimo de Sousa) "Afirmou o objectivo de nos batermos por uma política que responda às aspirações dos trabalhadores e do povo, o que não é fácil, considerando que o programa do PS não responde à aspiração da ruptura com a política de direita. É essa insistência sobre um governo e uma política para quê e para quem, de modo a responder aos interesse dos trabalhadores e do povo, em conformidade com a questão repetidamente afirmada durante a campanha eleitoral, que está colocada.
Entretanto, não sendo possível a convergência para uma política que responda às aspirações dos trabalhadores e do povo, o que de facto não é fácil, o quadro constitucional e a correlação de forças na Assembleia da República em nada impedem o PS de formar governo. Mesmo nestas circunstâncias não se pode concluir que a solução seja um governo PSD/CDS.
O PS só não formará governo se não quiser...

Sejam, porém, quais forem as circunstâncias e a evolução da situação, os portugueses podem ter como garantido que os votos do PCP contribuirão sempre para todas as medidas que forem úteis para os trabalhadores, o povo e o País e opor-se-ão a tudo o que signifique mais exploração, empobrecimento, injustiças sociais e declínio nacional, como deixou claro o camarada Jerónimo de Sousa no Comício da passada sexta-feira em Lisboa em expressivo ambiente de luta, entusiasmo e confiança"

Editorial do jornal Avante de 15.10.2015

Nota: a transcrição de uma parte do editorial deste jornal mostra a pluralidade deste blogue que tanto transcreve jornais da extrema esquerda (Avante, Público) como qualquer outro jornal do espectro político nacional.

domingo, 25 de outubro de 2015

Recreio...parece que sim...mas, provavelmente, vai sair caro...


"No meio deste limbo governativo, alguns sectores do Estado das Corporações, que é nosso, vão, pela calada, obtendo novos privilégios: os trabalhadores das autarquias vêem o seu horário laboral descer para as 35 horas e os polícias conquistam o direito de se reformarem aos 55 anos, depois de 36 nessa missão de alto risco. O Estado é generoso: paga melhor, nunca despede, não exige nenhuma avaliação de desempenho, pagando o mesmo aos bons e aos maus, contenta-se com menos trabalho e reforma mais cedo. O facto de tudo isto não ser sustentável senão à custa de esmifrar os que não vivem sob a sua proteção é apenas um pormenor. O pormenor que nos arruína. E que, uma vez mais, seja qual for o governo, vai continuar por resolver."
Miguel Sousa Tavares in Expresso de 24 de outubro de 2015

"Depois de terem espremido tudo o que puderem de António Costa, ou seja, do Estado, ou seja, do contribuinte, onde ficarão o Bloco e o PC? Deixaram pelo caminho as causas e os símbolos que os distinguiam (a hostilidade à NATO e à Europa) a troco de alguns ridículos remendos na interminável miséria do país. Fizeram grandes discursos para desabafar. Insultaram o Presidente e a direita. Espalharam um bom saco de calúnias. E o resultado? O resultado não foi nenhuma espécie de libertação e eles, como os portugueses, continuarão presos ao mecanismo que tanto odeiam. A “esquerda” acabará por pagar este recreio que o dr. Costa inventou. Saíram das suas cavernas, respiraram fundo e conseguiram mesmo uma vaga impressão de poder, que de certeza os regalou muito."
Vasco Pulido Valente in Público de 25 de outubro de 2015

sábado, 24 de outubro de 2015

Algumas sugestões a ter em conta para um futuro governo...de direita, do centro ou da esquerda...


Entrevista a Guilherme de Oliveira Martins, atualmente Presidente do Tribunal de Contas, ex ministro das finanças em governo do PS (de António Guterres) ao jornal Expresso publicado em 24 de outubro de 2015:

Austeridade
O ajustamento não terminou. Não é uma responsabilidade só deste governo, mas também dos futuros governos.

Qualidade da despesa
Não devemos contrair empréstimos que não sejam para investimentos reprodutivos.

Segurança Social
É necessário estar muito atento aos modos de financiamento e à relação entre contribuintes e beneficiários.

Dívida
O controlo da procura interna é crucial para evitar um aumento do endividamento.


domingo, 11 de outubro de 2015

Filme para os próximos anos?


"Já no que respeita ao país o problema não está no euro nem na NATO nem no ressuscitar da Reforma Agrária reivindicados pelo PCP e pelo BE: todos esses slogans desempenham entre os radicais de esquerda o mesmo papel que os trajes das confrarias, sejam elas do vinho do Porto ou da alheira, no dia a dia dos respectivos confrades — ninguém pensa que aquela parafrenália doutros tempos tenha qualquer uso que não o das celebrações mas todos lhe reconhecem uma vertente identitária. A berraria contra o euro e os apelos à saída da NATO são as vestes rituais das grandes corporações políticas da democracia: o PCP, uma corporação que radica sobretudo nos privilégios dos sindicalistas, a que se juntou o BE que se sustenta no mundo universitário.
As corporações sabem bem que não podemos sair do euro e, para lá do folclore do costume, não vão opor-se à permanência na NATO. (As corporações dependem em absoluto da manutenção do status quo). O que lhes interessa é o Estado. Este vai necessariamente crescer para albergar as unidades de missão, as comissões, os institutos, os grupos de estudo, os observatórios, as empresas públicas, os centros… em que bloquistas e comunistas, reproduzindo a táctica usada pelo desaparecido MDP, potenciarão a influência dos respectivos partidos.
Pano de fundo indispensável a esta instalação no aparelho de Estado e ao seu crescente intervencionismo será a criação de um país dividido em progressistas e reaccionários. Causas fracturantes, multiplicação de incidentes (veja-se a despropositada reacção de Costa à leitura de um pivot errado por José Rodrigues dos Santos), fulanização de alvos e muita invenção de inimigos externos para explicar os fracassos internos irão marcar a actualidade. Acabaremos estafados, menos livres, ainda mais endividados e o PS, claro, com menos votos porque nos governos as alianças com os radicais só fazem ganhar votos aos radicais."
Helena Matos in http://observador.pt/opiniao/o-marciano/

Parece que se fala pouco do Prémio Nobel da Literatura 2015...


"A prémio Nobel da Literatura 2015, Svetlana Alexievitch, definiu neste sábado o regime da Bielorrússia como uma “ditadura suave” na véspera das eleições presidenciais no seu país, dirigido há 21 anos pelo Presidente Alexander Lukashenko.
A escritora bielorrussa exprimiu-se em Berlim na véspera e um escrutínio no qual a oposição foi afastada e que deverá reconduzir Lukashenko para um quinto mandato consecutivo, e alertou os europeus contra um levantamento das sanções dirigidas a Minsk.
Após o anúncio da atribuição do Nobel da Literatura, o Presidente bielorrusso felicitou a escritora, mesmo que alguns dos seus livros estejam proibidos no país e que as autoridades impeçam com frequência as aparições em público de Svetlana Alexievitch em Minsk, onde vive uma parte do ano."
in http://observador.pt/2015/10/10/nobel-da-literatura-previne-europeus-contra-ditadura-suave-na-bielorrussia/

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Certo...



Breve análise aos resultados eleitorais


70% dos portugueses votantes apoiam:

. Partidos de índole democrática que defendem sistemas políticos pluralistas
. Portugal como membro da NATO
. Manutenção de Portugal na União Europeia
. Manutenção do euro como moeda
. Cumprimento do Tratado Orçamental e, no geral, das regras de convivência na União Europeia
. Sistema económico baseado na economia privada

Por tudo isto, não consigo perceber como poderia ser possível a formação de um governo composto por partidos como o PS (que defende estes princípios basilares) e partidos como o BE e CDU que, no geral, são contra estes princípios.


sábado, 3 de outubro de 2015

Não se distribui dinheiro que não temos...


"O eleitoralismo, as promessas perigosas, o facilitismo e o clientelismo sempre pagaram. O maior monumento que erguemos a esse fenómeno aconteceu não há muitos anos. Foi nas eleições de 2009, um ano depois da crise financeira e já com todos os sinais de alarme a disparar. José Sócrates apresentou-se ao eleitorado depois de ter aumentado a função pública em 2,9%, com um défice assumido de 5,9% mas na realidade já a caminho do dobro desse valor e com promessas de atirar mais dinheiro — leia-se mais défice e mais dívida — para cima dos problemas, com um programa de obras faraónicas para concluir — TGV, novo aeroporto, nova travessia do Tejo, uma dezena de novas auto-estradas. Era o progresso em forma de betão. Bateu Manuela Ferreira Leite, que foi avisando que não havia dinheiro e que as propostas socialistas eram o caminho para o desastre. A então líder do PSD tinha razão, como qualquer cidadão informado e desprovido de clubite partidária já conseguia perceber e todos viemos tristemente a confirmar um ano depois
A “compra” de votos com dinheiro dos contribuintes das gerações presentes e futuras — aumentos salariais, subsídios a pessoas ou empresas, obras vistosas e outras desgraças com tiques de novo-riquismo — sempre funcionou como trunfo eleitoral. Tal como sempre foram eficazes as promessas de pão e circo, ainda que muitas se percam depois nos caminhos tortuosos da governação quando esta se confronta com a realidade."

Paulo Ferreira em http://observador.pt/opiniao/o-povo-e-sereno/

sábado, 13 de junho de 2015

Privatização da TAP


Se cada português tivesse a noção clara e sempre presente que os meios do Estado são precisamente aqueles que resultam do somatório dos impostos que todos os dias nos são cobrados talvez a permanente e generalizada licitação para mais despesa pública acalmasse. Bem fazem os anglo-saxónicos que na linguagem corrente utilizam o termo “dinheiro dos contribuintes” (“taxpayers money”) em vez dos distantes e difusos “despesa pública” do “dinheiro do Estado”, que remetem para uma origem vaga, quase sobrenatural, que aparentemente nada tem a ver com o nosso bolso. Mas tem. Aliás, só tem a ver com o nosso bolso.
A TAP foi vendida. Os compradores pagam já 354 milhões de euros. Destes, 10 milhões entram nos cofres do Estado e os restantes 344 milhões servem para capitalizar a empresa. A TAP, é bom lembrar, tem capitais próprios negativos de 500 milhões de euros. Ou seja, se a empresa fosse hoje encerrada e todo o seu património vendido, sobrariam ainda 500 milhões de dívidas para pagar. Dívidas de quem? Dos contribuintes, claro, uma vez que a TAP ainda é deles.
Se a TAP está descapitalizada é porque os contribuintes não colocaram lá, dos seus impostos, o dinheiro que deviam ter colocado nas últimas décadas, porque as regras europeias o impediram. Os 344 milhões de euros são, por isso, recursos que os novos donos privados colocam na empresa em vez dos contribuintes. Esta é a matéria de facto, o deve e haver simples e facilmente entendível para quem estiver de boa fé.
Podia ter-se seguido outro caminho? Podia ter-se tentado, de facto. E essa é a questão política. Muita gente apresentou argumentos fortes para que a empresa não fosse privatizada: é estratégica, de “bandeira”, daqui a uns anos pode deixar de o ser e por aí fora.
Admitamos até que Bruxelas aceitava uma recapitalização pública da empresa. Ou seja, que permitia que os contribuintes lá colocassem dinheiro que pudesse equilibrar as contas. Vamos lá saber então: aumentavam-se os impostos em 400 ou 500 milhões de euros para colocar na empresa? Todos de acordo com isso? Ou cortava-se noutra despesa pública – noutra utilização de dinheiro dos contribuintes… – para a capitalizar? Onde? Esta é a questão seguinte.
Poupanças na Saúde? Nem pensar. Estão a destruir o SNS. Precisamos é de mais médicos e de mais enfermeiros que não têm outra alternativa senão emigrar. E de medicamentos baratos, subsidiados pelo Estado.
Educação? É o futuro das nossas crianças que está em causa. Pouco importa que nas últimas décadas o número de alunos tenha caído e o de professores aumentado. A qualidade do ensino não se regateia.
Segurança Social? Cortar nas pensões e nos subsídios é impensável. Precisamos é de aumentá-los.
Transportes públicos? São essenciais e não se pode pedir aos utentes que paguem o verdadeiro custo do bilhete. Os passes sociais são uma conquista e devem ser para todos.
Segurança pública? Da maneira que isto anda precisamos de mais polícias e não de menos.
Justiça? Uma vergonha, a reorganização dos Tribunais. Tinha um mesmo aqui à porta e agora tenho que deslocar-me 20 quilómetros quando, uma vez de três em três anos, tenho que lá ir.
Defesa? Com questões estratégicas e de soberania não se brinca. E as obrigações que decorrem da nossa presença em instâncias e forças multinacionais?
Negócios Estrangeiros? Um país a sério tem uma diplomacia forte no terreno para defender os nossos interesses e ajudar as nossas empresas.
Estradas? Um verdadeiro roubo, isso de terem colocado portagens em vias que eram de borla (pagas por todos os contribuintes…)
Cultura? Visão miserabilista. O orçamento anual de 200 milhões já é tão pequeno e ainda querem cortá-lo? Se acham que a cultura é cara tentem a ignorância.
A lista podia continuar. Quem lê um jornal ou espreita um telejornal sabe que é assim. Todos temos óptimas ideias para gastar mais dinheiro do Estado. De uma nova escola ao pé de casa até a uma digna representação do país na Expo de Milão todos sabemos bem que destino daríamos a mais umas dezenas ou centenas de milhões de euros.
Nesta orgia de despesa por regra esquecemos duas coisas. A primeira é de indicar onde cortávamos os milhões equivalentes para pagar essa nova despesa. A segunda coisa que esquecemos, mais grave, é que essa despesa que estamos a pedir também sai do nosso próprio bolso, agora ou no futuro. Não sai só do bolso do vizinho da frente nem do do ricalhaço que faz férias nas Maldivas.
Ah, já sei. Na teoria tudo isto está muito certo, a carga fiscal é que está mal distribuída. É curioso que ainda ontem o vizinho da frente e o tal ricalhaço estavam com a mesma conversa. E nunca encontrei um contribuinte que estivesse disponível para pagar mais impostos para ajudar a cobrir as excelentes ideias que tem para o Estado gastar mais uns milhões. Só pode ser azar meu, porque esse contribuinte tem que existir.
Paulo Ferreira in Observador http://observador.pt/opiniao/quero-tudo-quero-ja-e-quero-de-borla/ 

Discurso miserabilista ou não - O conceito de nós próprios


O Conceito de Nós Próprios

Cada homem, desde que sai da nebulose da infância e da adolescência, é em grande parte um produto do seu conceito de si mesmo. Pode dizer-se sem exagero mais que verbal, que temos duas espécies de pais: os nossos pais, propriamente ditos, a quem devemos o ser físico e a base hereditária do nosso temperamento; e, depois, o meio em que vivemos, e o conceito que formamos de nós próprios - mãe e pai, por assim dizer, do nosso ser mental definitivo. 
Se um homem criar o hábito de se julgar inteligente, não obterá com isso, é certo, um grau de inteligência que não tem; mas fará mais da inteligência que tem do que se julgar estúpido. E isto, que se dá num caso intelectual, mais marcadamente se dá num caso moral, pois a plasticidade das nossas qualidades morais é muito mais acentuada que a das faculdades da nossa mente. 
Ora, ordinariamente, o que é verdade da psicologia individual - abstraindo daqueles fenómenos que são exclusivamente individuais - é também verdade da psicologia colectiva. Uma nação que habitualmente pense mal de si mesma acabará por merecer o conceito de si que anteformou. Envenena-se mentalmente. 
O primeiro passo passou para uma regeneração, económica ou outra, de Portugal é criarmos um estado de espírito de confiança - mais, de certeza, nessa regeneração. Não se diga que os «factos» provam o contrário. Os factos provam o que quer o raciocinador. Nem, propriamente, existem factos, mas apenas impressões nossas, a que damos, por conveniência, aquele nome. Mas haja ou não factos, o que é certo é que não existe ciência social - ou, pelo menos, não existe ainda. E como assim é, tanto podemos crer que nos regenaremos, como crer o contrário. Se temos, pois, a liberdade de escolha, porque não escolher a atitude mental que nos é mais favorável em vez daquela que nos é menos? 
Fernando Pessoa in Revista de Comércio e Contabilidade, nº 6, 25 de junho de 1926

sexta-feira, 24 de abril de 2015

De como saímos da "espiral recessiva" para o futuro risonho do PS...


"De qualquer maneira, o PS nem nesta sua versão respeitosa se consegue libertar dos seus velhos vícios. Primeiro, o de tratar o dinheiro do contribuinte como se ele nascesse do chão: falando muito do “capitalismo de casino”, o que ele propõe é um “socialismo de casino”. Aumenta as despesas e corta as receitas, e a diferença pagará  com a maior facilidade  se por acaso as coisas correrem bem. E, se não correrem, quem puder que se arranje. Entretanto, os funcionários públicos irão recuperar rapidamente os seus privilégios, como compete; o funcionalismo não diminuirá; a TSU desce tanto para trabalhadores como para patrões; o emprego precário vai diminuir (“penalizando” as empresas com excesso de “rotatividade”); e, em homenagem ao igualitarismo da seita, o imposto sucessório ressuscita para perseguir os “ricos”, como eles merecem, e presumivelmente para ajudar a classe média e animar o investimento. Deus nos perdoe."

Vasco Pulido Valente em http://www.publico.pt/politica/noticia/muito-barulho-para-nada-1693394 

terça-feira, 21 de abril de 2015

RTP…aguardemos pelo aumento da taxa audiovisual em 2016


A aproximação de eleições legislativas em 2015 implica o reaparecimento de capacidades de gestão de empresas públicas, há algum tempo ocultas. É sempre fácil gerir uma organização / empresa quando a receita está dependente do Diário da República e de impostos ou taxas a suportar pelo desprotegido cidadão.

“O anterior Conselho de Administração (CA) da RTP, liderado por Alberto da Ponte, viabilizou em 2014 um aumento de cerca de €2 milhões anuais em salários no operador público, na sequência de promoções e requalificações profissionais de trabalhadores da empresa. Segundo um levantamento feito pelo novo CA, presidido por Gonçalo Reis, no último ano estes processos de evolução na carreira abrangeram 250 pessoas. No ano anterior tinham sido apenas 25, com um impacto inferior a €300 mil anuais na estrutura salarial da empresa”

Ler mais: 
http://expresso.sapo.pt/alberto-da-ponte-aumentou-83642-milhoes-em-salarios-com-promocoes=f919416#ixzz3XwmYu8De

“Os sindicatos da RTP pediram esclarecimentos ao Conselho Geral Independente (CGI) sobre a "excepção remuneratória" do conselho de administração, afirmando que a mesma também deve ser extensível aos trabalhadores da empresa.
Numa carta aberta ao CGI, "os sindicatos representativos dos trabalhadores da RTP" adiantam que "gostariam de ver esclarecida a contradição, para qual não encontram explicação racional" que passa pela "excepção remuneratória" da administração da empresa.
Para os sindicatos que subscrevem a carta aberta - FE, FETESE/SITESE; SICOMP; SINTTAV, SITIC, SJ, SMAV e STT -, esta é a "questão fundamental" que pretendem ver esclarecida "a bem da paz da RTP enquanto serviço público".
O presidente do conselho de administração da RTP, Gonçalo Reis, vai ganhar 10 mil euros por mês, um valor superior ao do seu antecessor no cargo, Alberto da Ponte, de acordo com um diploma publicado em Diário da República na passada sexta-feira.”

domingo, 19 de abril de 2015

Jerónimo de Sousa prefere a Coreia do Norte?


O secretário-geral do PCP acusou hoje o primeiro-ministro de querer transformar Portugal numa "Singapura da Europa", com baixos salários e benefícios fiscais aos grandes grupos empresariais, durante um jantar-comício em Lisboa

http://www.ionline.pt/artigos/portugal/jeronimo-acusa-passos-querer-uma-singapura-da-europa 

domingo, 5 de abril de 2015

Sampaio da Nóvoa


Quando me apercebi que, efetivamente, corremos o risco de ter como Presidente da República o ex-reitor da Universidade de Lisboa comecei a preparar um texto que descrevesse a minha perspetiva sobre Sampaio da Nóvoa como candidato à presidência.

Mas, entretanto, foi publicado e divulgado este texto de um deputado do PS:


Nota: nunca pensei que poderia acontecer...um texto de Sérgio Sousa Pinto reproduzido no blogue 100democracia

Silva Lopes


Mesmo recentemente: quando a troika entrou, foi descrente nas reformas estruturais mas defendeu medidas bem impopulares, como a descida dos salários para combater o desemprego ou o corte das pensões mais elevadas. Não era duro, era seco: com os números. Não tinha um pingo de respeito pelo desmando, era contra as PPP, criticou bastas vezes muitos políticos, de José Sócrates a Alberto João Jardim. Acusou a própria troika de andar a aldrabar. O governo de Passos Coelho de fechar os olhos. E detestava esta coisa nacional dos grandes interesses instalados à pequena corrupção: "Leia o Aquilino Ribeiro", disse ele nesta entrevista a Anabela Mota Ribeiro e a Helena Garrido , "os camponeses que levam umas trutas ao chefe de posto da administração local...". Se fosse Deus, disse ele na mesma entrevista, a primeira coisa que fazia era acabar com os paraísos fiscais. "Estamos a ver revoltas, mas não dos que mais sofrem. É dos que podem".
"A verdade é que vejo o futuro com muito pessimismo", dizia ele em 2004 ao Expresso . Não se enganou. Silva Lopes deixa uma descendência de economistas e uma fila de admiradores. Sim, é preciso dar por isso. Dá-se pelo que nos faz falta, não é? 

Ler mais: http://expresso.sapo.pt/morreu-silva-lopes-o-economista-gentil-e-e-preciso-dar-por-isso=f918366#ixzz3WTSfwqaC

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Grécia vai ser a Venezuela da Europa?


Na Grécia e em Espanha estamos a assistir ao renascimento de correntes marxistas, sem a designação do século XX, de "partido comunista". Os partidos comunistas europeus desapareceram quase por completo após a queda do muro de Berlim. Os partidos que subsistiram inicialmente (por exemplo, em Itália) afastaram-se claramente das políticas soviéticas (já o tinham feito anteriormente e acentuaram essa tendência, posteriormente).

Em Portugal, manteve-se o único partido comunista europeu que continuou (e continua) a defender a política da ex-URSS e as práticas ditatoriais de Estaline. O PCP foi pioneiro na transformação do seu nome e símbolo quando participa em eleições. "Criou" um partido dito ecologista "Os Verdes" (uma espécie de "melancias" - como referiu Sócrates num debate parlamentar) e a partir daí uma coligação com designação CDU. Não foi suficientemente convincente.

Na Europa, nomeadamente na Grécia e Espanha as correntes marxistas foram mais longe na utilização de princípios de marketing. É um espécie de marketing do séc. XXI. Elimina-se a designação "comunista" e criam-se partidos baseados em designações que se vendem por si próprias sustentadas numa liderança forte e com slogans apelativos.

Não se conhecem linhas programáticas...trata-se de navegar no "contra" e utilizar, sempre, a linguagem do pragmatismo para captar votos. Tal como o PCP são contra a UE, o euro e a Nato. Defendem o capitalismo de Estado,

Veremos o evoluir da situação na Grécia...mas parece-me que tudo estava já decidido no início...só é necessário justificar ao eleitorado grego a saída do euro...

domingo, 8 de fevereiro de 2015

De como existem sempre argumentos para transformar um regime comunista numa ditadura do "povo"


A Venezuela ativou hoje o primeiro Comando Popular Militar contra a Guerra Económica, destinado a verificar como funciona a distribuição de alimentos nos estabelecimentos comerciais e combater as filas às portas dos supermercados.
Uma cerimónia para marcar a entrada em ação do comando popular foi oficiada pelo presidente do parlamento venezuelano, Diosdado Cabello, na localidade de Anzoátegui, 320 quilómetros a leste de Caracas.
"Estes grupos (comandos cívico-militares) serão distribuídos pelas zonas comerciais onde a população vai à procura de produtos, com o propósito de agilizar, minimizar e erradicar as filas, combater a revenda e a guerra económica", disse Diosdado Cabello.
Segundo o presidente do parlamento, os comandos serão constituídos por militantes do Partido Socialista Unido da Venezuela, no poder, milicianos, oficiais da Guarda Nacional Bolivariana (Polícia Militar) e do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (serviços secretos).
"Esse é o contexto em que estamos. Uma guerra económica que tem dois grupos, um que é o povo, na rua, organizado, junto do seu Governo e das Forças Armadas Bolivarianas, maioritário, e outro, um pequeno setor, muito poderoso, que tem muito dinheiro e que conjuntamente com opositores brincam à desestabilização com o propósito de depor o companheiro Nicolás Maduro (o Presidente da Venezuela)", disse.
A Venezuela enfrenta uma crescente escassez de bens como leite, óleo alimentar, café, açúcar, margarina, papel higiénico, lâminas de barba, champô, sabonetes, preservativos, entre outros.


Retirado de:
http://www.dn.pt/inicio/globo/interior.aspx?content_id=4388101 

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Grécia


Ainda bem que vivemos na União Europeia...a votação do povo grego é respeitada. Recordemos 1968:

"A Primavera de Praga foi um período de liberalização política na Tchecoslováquia durante a época de sua dominação pela União Soviética após a Segunda Guerra Mundial. Esse período começou em 5 de Janeiro de 1968, quando o reformista eslovaco Alexander Dubček chegou ao poder, e durou até o dia 21 de Agosto quando a União Soviética e os membros do Pacto de Varsóvia invadiram o país para interromper as reformas."

Esperemos que o povo grego em próximas eleições tenha condições democráticas semelhantes para poder escolher livremente os seus deputados e governo. 

Como a Grécia faz parte da UE, numa lógica democrática não poderá fazer sobrepôr as suas ideias às restantes 27 democracias da união. Qualquer democracia europeia possui a mesma validade do que a grega, incluindo a de Portugal, Alemanha, Espanha, Finlândia e todas as outras. 


Mais uma greve da "frente comum"


Marcada para 13 de março...6ª feira...

A Frente Comum da CGTP / PCP tem uma grande capacidade de "construir" pontes e fins de semana alargados.