quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

STOP


Macroscópio – Os novos censores e os novos caceteiros, ou os limites da liberdade de expressão

"Poderia continuar a citar mais textos e mais exemplos, mas julgo que o ponto está demonstrado: a agressividade de um certo politicamente correcto está a tornar-se ou uma séria ameaça à liberdade, ou criando situações que parecem querer renegar a nossa cultura em nome de uma tolerância que acaba por ser, antes de tudo o mais, intolerante. Sendo que se tem espalhado pela Europa sob a mais diversas formas, e ainda agora estamos a assistir a um debate bem significativo em Itália, onde o director de uma escola decidiu proibir o habitual concerto de Natal para não ofender a pequena minoria de estudantes de origem muçulmana.
 
Em Portugal também já assistimos a situações em que, pela intimidação, se procuram calar vozes discordantes (Henrique Monteiro, no seu texto que já citámos, refere-se a quem vem à caixa de comentários dos seus textos sugerindo o seu despedimento, e todos sabem que Isabel Jonet, por exemplo, não pode abrir a boca sem que lhe caia meio mundo em cima…). Um dos melhores veículos para exercer essa intimidação é utilizando as redes sociais, como notou Isabel Stilwell no jornal I, em A nova censura das redes sociais. Aí conta como pensou escrever sobre três figuras públicas – Cavaco Silva, José Rodrigues dos Santos e Pe. Portocarrero de Almada – e acabou por não o fazer, a conselho dos filhos e de amigos, para não ser, mais uma vez, insultada nas redes sociais. E conclui: “Decididamente, este novo mundo virtual em que se difama e insulta, a coberto do anonimato e fora da lei, atenta contra a liberdade de expressão. E não fica assim tão longe do lápis azul.”

in Observador - Macroscópio - José Manuel Fernandes

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