"Já podemos fazer algumas contas sobre as opções sociais na reposição de rendimentos. Já sabíamos que as pensões mais baixas aumentariam, no máximo, entre um e 2,5 euros por mês e que os abonos de famílias sobem, quanto muito, 5 euros. E que iam ser repostas as regras que vigoravam em 2012 para o Complemento Solidário para Idosos e para o Rendimento Social de Inserção. Nestes grupos estão os cidadãos que constituem os casos mais urgentes de pobreza ou risco de pobreza e que sobrevivem com as prestações sociais. Mas, todos juntos, vão repartir aumentos de prestações de 150 milhões de euros.
Em contrapartida, a reposição dos cortes salariais na função pública que foi feita a partir dos 675 euros, vai implicar um aumento da despesa de 450 milhões de euros este ano. E a descida do IVA na restauração a partir de Julho vai custar 168 milhões de euros.
Este alinhamento de prioridades é ditado pela avaliação de emergência social ou é sobretudo para responder ao poder reivindicativo de sindicatos e corporações?
O anunciado “tempo novo” não chega a todos da mesma maneira nem com a mesma urgência, como se vê. Porque não há dinheiro, como agora se percebe. Porque a austeridade é uma necessidade e não uma opção. E porque há a clara noção de que o país volta a estar sob apertada vigilância internacional dos credores e das agências de rating. E, gostemos disso ou não, continuamos a precisar deles para financiar o Estado e a economia."
Paulo Ferreira in http://observador.pt/opiniao/tempo-teima-nao-novo/
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