sábado, 25 de outubro de 2014

Quando vários deputados do PS assinaram o Manifesto 74 para reestruturação da dívida sabiam o que estavam a assinar?


Quando o chamado Manifesto 74 - "Reestruturar a dívida insustentável e promover o crescimento, recusando a austeridade" - foi divulgado em março de 2014, incluía a assinatura de vários deputados do PS, incluindo o atual presidente do grupo parlamentar, Ferro Rodrigues.

A assinatura de vários deputados do PS foi mediática e perspetivada (também) como uma forma de manifestar oposição interna a António José Seguro.

Mais tarde, em julho de 2014, Francisco Louçã (com mais 3 autores incluindo Pedro Nuno Santos, deputado do PS)  apresentou um estudo designado "Um programa sustentável para a reestruturação da dívida portuguesa". Francisco Louçã, justificou a apresentação deste estudo dizendo "A dívida não pode continuar a ser uma conversa de café".
Ou seja, implicitamente, considerou que o Manifesto 74 era uma espécie de documento de "café" ou que, pelo menos, para alguns dos seus subscritores o seria.

Bagão Félix distanciou-se do Manifesto 74 dizendo que este programa de FL parecia um plano completamente impossível de concretizar. Já, Eurico Brilhante Dias, acusou os autores deste estudo de quererem liquidar a pequena poupança.

O estudo de FL estabelece um plano para a reestruturação da dívida que inclui a tomada de medidas para reduzir o seu impacto na banca nacional.  Uma parte substancial da dívida é detida pela banca. 

As perdas da banca nacional seriam elevadas e obrigariam a intervenção do Estado. Será necessário desencadear um "processo de resolução bancária sistémica". Este processo teria impacto sobre os depositantes (conforme referido no ponto 6.3 do estudo). Seriam os depósitos acima dos 100.000 € a sustentar grande parte do "processo de resolução bancária sistémica".


Aparentemente, uma parte do PS está a "brincar com o fogo". Os deputados do PS que assinaram o Manifesto 74 conhecem (desde julho) as implicações de um processo de reestruturação da dívida. Nesta discussão, o PS não se pode manter no "limbo" só para ganhar mais uns votos à sua esquerda . São tempos de responsabilidade e seriedade...mas alguns ainda não perceberam!

domingo, 19 de outubro de 2014

Desafio dos eleitores conscientes aos políticos que querem chegar ao poder sem apresentarem propostas concretas


"Os números a reter do orçamento de 2015, os que deviam ser conhecidos por todos, são o da despesa pública total – 85 mil milhões de euros –, o das receitas públicas totais – 80 mil milhões – e, como resultado, o do défice orçamental – 5 mil milhões. Acresce o montante da carga fiscal (impostos mais contribuições) ­– 67 mil milhões de euros, e o das prestações sociais -34,7 mil milhões de euros (com pressão para continuar a subir dada a nossa demografia).
Julgo estarmos todos conscientes, até pelo elevado peso de dívida pública (será de 124% do PIB em 2015), que não podemos ter mais défices orçamentais e, portanto, que teremos, grosso modo, que igualar as receitas às despesas. Ora como as receitas pouco podem agora subir, até porque a elevada carga fiscal terá que ser reduzida para não desincentivar o investimento e a iniciativa das pessoas e das empresas, a despesa tem, no curto prazo, que descer (podendo mais tarde crescer em termos absolutos, mas não relativos, se o crescimento económico realmente acontecer).
Deixo assim um desafio público aos líderes partidários e aos respectivos partidos, concorrentes às próximas eleições.
Nós, cidadãos, já não vamos mais em conversas.
Nós, cidadãos, “exigimos” que apresentem no vosso programa eleitoral de governo um detalhado documento de estratégia orçamental (DEO) cobrindo o período da próxima legislatura.
Neste DEO deve estar explicita a vossa previsão, com base nos pressupostos que entendam assumir, de qual vai ser o crescimento económico e do emprego e como vão criar as condições para que tal aconteça. Também devem estar presentes as receitas que, com o vosso governo, o Estado vai obter (explicitando qual a carga fiscal que irão impor aos portugueses), bem como a evolução das várias rubricas de despesas que resultarão das vossas políticas (incluindo custos de pessoal, prestações sociais, custos departamentais, etc.)."
António Carrapatoso - retirado de:
http://observador.pt/opiniao/senhores-candidatos-pm-queremos-um-deo/