quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Crescimento económico com o PS

Aparentemente, a solução para Portugal implica deixarmos a política de austeridade e passarmos para uma política de crescimento económico.

De acordo com os "sound bites" dos últimos meses, de um lado estará o governo a seguir e defender uma política (má) de austeridade e do outro toda a oposição a dizer que a solução está numa política (boa) de crescimento económico.

De acordo com muitos comentadores, políticos e economistas para resolver a crise "basta" que a economia cresça (este crescimento não é, normalmente, quantificado) para que se possa abandonar a austeridade. Quer dizer, matematicamente é exato que um crescimento económico significativo (pelo menos, 3%) somado a uma taxa de inflação média de 2% nos permitiria gerar meios para suportar os encargos financeiros resultantes da dívida acumulada nos últimos 20 anos de governação.

Aparentemente, o "campeão" do referido crescimento económico é o PS que repete, quase até à exaustão, que se fosse governo seguiria uma política de "crescimento económico", sem mencionar de forma clara que medidas concretas implementaria e como as sustentaria financeiramente  (enfim, isto do "como" na política é sempre pouco relevante).

Dado que não se vislumbra nem se consegue perceber que medidas um eventual futuro governo do PS implementará para obter o almejado e necessário crescimento económico, fui avaliar a capacidade dos últimos governos do PS nesta matéria. Pensei eu, provavelmente de forma ingénua que, se António José Seguro, Carlos Zorrinho, Galamba e, no geral, todos os elementos do PS socrático são "campeões" do crescimento económico concerteza implementaram estas boas práticas no governo anterior com resultados positivos, conferindo-lhes, assim, total credibilidade.

Eis os resultados:


% anual






%
2005
2006
2007
2008
2009
2010
Média
União Europeia (27 paises)
2
3,2
3
0,5
-4,2
1,8
1,1
Zona euro (17 países)
1,7
3,1
2,9
0,4
-4,1
1,8
1,0
PORTUGAL
0,8
1,4
2,4
0
-2,5
1,3
0,6

Fonte: Eurostat (retirado de estudo de Eugénio Rosa)

Portugal nos cerca de 6 anos de governo do PS conseguiu um crescimento médio de 0,6 %, (taxa de crescimento do PIB real, ou seja, retirando o efeito da inflação) tendo aumentado a dívida do Estado neste período de 66,9% do PIB para mais de 90% do PIB.
Enfim, o discurso é fantástico...mas a prática não os recomenda...

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Cavaco Silva também diz coisas acertadas...



Dia 6 de novembro de 2012
O Presidente da República, Cavaco Silva, disse, nesta terça-feira, que irá «guiar-se por pareceres jurídicos aprofundados» e pelo «interesse nacional» na avaliação do Orçamento do Estado para 2013, não aceitando «pressões».
«Ninguém me pressionará sobre essa matéria, é uma questão de grande relevância nacional e eu atuarei de acordo com o interesse nacional, não vou reger-me, não tenham dúvidas, por qualquer palpite, venha daqui ou de acolá», garantiu o chefe de Estado.
À margem da inauguração de um hotel em Lisboa, Cavaco Silva sublinhou que «em matéria de constitucionalidade» irá guiar-se «por pareceres jurídicos aprofundados e não por qualquer ideia que aqui ou ali se formula mas bastante superficial».
Nota: retirado de tvi24.iol.pt

Dia 14 de novembro de 2012
“O direito à greve dos trabalhadores está consagrado na nossa Constituição e deve ser respeitado”, começou por dizer o Presidente da República. “Mas apesar da greve, da minha parte não deixei de trabalhar reunindo-me com o senhor presidente da república da Colômbia e fazendo o possível para fortalecimento das relações entre os dois países", afirmou no final do encontro entre os dois homólogos no Palácio de Belém. Desta forma, Cavaco Silva espera  "contribuir para que no futuro o crescimento do produto seja mais elevado e o desemprego seja menor do que aquilo que o Instituto Nacional de Estatística hoje anunciou”.
O crescimento económico “só pode ser conseguido com mais investimento privado, com mais comércio internacional, com mais investimento estrangeiro, e com mais turismo”, defendeu o Chefe de Estado, acrescentando que é por isso que “neste dia de greve geral, que nós respeitamos, eu estou aqui a trabalhar".
Nota: retirado de dinheirovivo.pt

domingo, 4 de novembro de 2012

Discursos vazios e manipuladores

Todos os dias vemos e ouvimos discursos mais ou menos inflamados sobre a situação política em Portugal e as diferentes medidas previstas no orçamento de Estado para 2013.
O discurso radicalizou-se em vários quadrantes, por exemplo, sindicatos da CGTP, ex - militares, ex-presidentes, ex-ministros e até magistrados e juízes para não falar dos partidos da oposição.
Existem três traços comuns nestes discursos que vemos, lemos e ouvimos repetidamente:

1. A aparente convicção de que falar repetidamente num problema faz com que ele se resolva, Por exemplo, referir até à exaustão (e em tom de voz alto) que a taxa de desemprego é alta não resolve, seguramente, este grave problema da sociedade portuguesa;

2. Uma análise simplista, aparentemente sustentada em princípios e valores sociais mas frequentemente sem uma única referência a factos objectivos. Por exemplo, contestar os "cortes" nas reformas e pensões sociais sem referir e ter como base os custos efetivos (números concretos) atuais e futuros do Estado com prestações sociais.;

3. Um diagnóstico imperfeito em que se apontam os problemas mas sem soluções alternativas, excepto, em alguns casos em que se utilizam frases feitas do tipo "renegociar a dívida" (não depende só de nós), "crescimento económico" (e como?), etc...

Como sempre, devemos ter os "filtros" sempre ativos porque estes discursos vazios e manipuladores são, cada vez, mais frequentes. Alguns exemplos:

A ordem dos médicos apoiou a greve dos médicos para proteger o SNS ou para conseguir melhores salários para esta corporação profissional?
Vasco Lourenço está preocupado com a democracia em Portugal ou está a fazer pressão indevida para que não exista corte nas pensões atribuídas aos ex militares?
O governo quer mesmo fazer cortes na despesa do Estado a partir de 2014 ou trata-se de um discurso político para ganhar tempo e "compreensão" dos portugueses perante o confisco do OE de 2013?
O PS está preocupado com a sustentabilidade do estado social ou acha que políticamente é mais vantajoso rejeitar negociar com o governo?