domingo, 26 de junho de 2011

Aeroporto de Beja já funciona ao domingo...

Quem ler o título deste post é levado a pensar: excelente, o aeroporto de Beja tem um trâfego tão intenso que está aberto os 7 dias da semana!
Pura ilusão...o aeroporto de Beja só abre ao domingo até às 11 h da manhã para receber um voo da companhia  áerea inglesa BMI. Conta-nos o Expresso deste fim de semana, que o voo proveniente de Londres trazia 7 passageiros.
Na Grécia, aparentemente há 45 jardineiros para 4 arbustos. Portugal não quer ficar atrás e constrói um aeroporto para receber 7 passageiros por semana ...ao domingo. Só falta mesmo dizerem-nos que o pessoal que assegura o seu funcionamento recebe horas extraordinárias por trabalhar ao domingo.
Conclui-se, pela leitura do artigo, que a generalidade dos turistas utiliza o aeroporto para se deslocar para o litoral alentejano incluindo Tróia.
O responsável pelo aeroporto de Beja está satisfeito. O presidente da Câmara de Beja estará satisfeito. Mas nós contribuintes poderemos estar satisfeitos? Qual o custo para o Estado (e o Estado é suportado pelos nossos impostos) de cada turista? Não seria possível fazer chegar os mesmos turistas ao litoral alentejano  através do aeroporto de Lisboa?
Este é um dos problemas dos 35 anos de democracia em Portugal. Os lobbies locais, as empresas públicas, as autarquias, normalmente, apenas se preocupam com o proveito (votos, reeleição, lugares de administração, etc). Os contribuintes que suportem os "investimentos no futuro" mesmo que estes sejam absurdos e se transformem rapidamente em "elefantes brancos"!

domingo, 19 de junho de 2011

Transparência Internacional em Portugal com Paulo Morais

O Paulo Morais é do PSD, foi vereador da Câmara Municipal do Porto em anterior mandato de Rui Rio e é professor universitário. Conheci-o há vários anos quando entrei na FCUP (Faculdade de Ciências da Universidade do Porto) era ele Presidente da Associação de Estudantes.
Conhece, assim, o "mundo da política" por dentro. Lia com frequência os seus artigos de opinião no JN.
Este fim de semana numa intervenção no Porto a propósito de corrupção foi, aparentemente, ao coração do problema. Alguns excertos retirados do jornal "Público":

"Felizmente, este parlamento vai-se embora. Dos 230 deputados, 30 por cento, 70, são administradores ou gestores de empresas que têm diretamente negócios com o Estado",
Para o professor universitário, o parlamento português "parece mais um verdadeiro escritório de representações, com membros da comissão de obras públicas que trabalham para construtores e da comissão de saúde que trabalham para laboratórios médicos.
Paulo Morais acusou os políticos de criarem "legislação perfeitamente imperceptível", com "muitas regras para ninguém perceber nada, muitas exceções para beneficiar os amigos e um ilimitado poder discricionário a quem aplica a lei".
"A legislação vem dos grandes escritórios de advogados, principalmente de Lisboa, que também ganham dinheiro com os pareceres que lhes pedem para interpretar essas mesmas leis e ainda ganham a vender às empresas os alçapões que deixaram na lei", criticou.
Para o vice-presidente da organização não governamental Transparência Internacional em Portugal, "os deputados estão ao serviço de quem os financiou e não de quem os elegeu", sendo a lei do financiamento dos partidos "a lei que mais envergonha Portugal".
Vamos aguardar por novidades desta ONG Transparência Internacional em Portugal.

sábado, 11 de junho de 2011

Será que muda o essencial?

A vitória do PSD é, à partida, a vitória da mudança. A questão que se pode colocar é esta: mas vai mudar o essencial ou apenas o acessório? Explico...
No que diz respeito ao sistema eleitoral será de esperar que haja mudança. O nº de deputados vai diminuir se atendermos ao prometido na campanha por PSD (181 deputados) e CDS (115 deputados). É relevante fazer-se esta mudança? Sim...mas é acessória se o sistema de escolha dos deputados continuar, basicamente, na "mão" dos aparelhos partidários. Quer dizer, muda-se o acessório (nº de deputados) mas mantém-se o essencial (forma de eleição dos deputados).
E quanto à despesa do Estado, Administração local e empresas públicas?
Vamos ter uma efectiva redução dos custos do Estado, Administração local e empresas públicas ou vamos ter soluções em que a estrutura, cultura e práticas destas empresas se mantêm inalteradas e os custos das ineficiências são transferidos para os cidadãos?
As dúvidas da coligação PSD / CDS em relação à RTP não auguram nada de positivo. Vamos ter algum tipo de intervenção nesta empresa que elimine gradualmente as suas ineficiências (já que a privatização parece estar fora de causa) ou a compensação indemnizatória do Estado vai ser transferida para a taxa do audiovisual paga pelo cidadão (solução à PS)?

sábado, 4 de junho de 2011

Onde está Teixeira dos Santos?

Um dos factos mais relevantes da presente campanha eleitoral é a completa ausência de Teixeira dos Santos. Atenção, Teixeira dos Santos foi, durante os dois governos de José Sócrates, uma espécie de "abono de família" do primeiro ministro aparecendo sempre que necessário para transmitir credibilidade às medidas dos dois governos que envolvessem as finanças públicas.
Porque razão Teixeira dos Santos se excluiu da actual campanha?  Não era preciso muito. Bastaria, num dos comícios do PS, que Teixeira dos Santos aparecesse ao lado de José Sócrates (poderia ser, até, com a mesma pose com que compareceu na comunicação de José Sócrates ao país sobre as medidas da "troika"). Por outro lado, a sua presença teria um impacto positivo junto do eleitorado potencial do PS.
Só há uma leitura possível: Teixeira dos Santos aguentou até ao fim como ministro das finanças (com espírito de missão) pois sabia qual o impacto da sua demissão. Mas, claramente, tal não significa apoio à política, decisões e atitude do 1º ministro principalmente nos últimos meses de governação. Teixeira dos Santos não acredita em José Sócrates como 1º ministro. Teixeira dos Santos é um dos portugueses que melhor conhece José Sócrates!