segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Paul Krugman

Em entrevista de hoje ao jornal Le Monde o economista Paul Krugman (e prémio Nobel de economia em 2008) refere que a solução da Europa passa por uma taxa de inflação alta contrariando a política monetária que tem vindo a ser conduzida pelo eixo franco-alemão.

Cela ne risque-t-il pas de faire déraper les prix ?
L'inflation n'est pas le problème, c'est la solution.
Que voulez-vous dire ?
Pour restaurer la compétitivité en Europe, il faudrait que, disons d'ici les cinq prochaines années, les salaires baissent, dans les pays européens moins compétitifs, de 20 % par rapport à l'Allemagne. Avec un peu d'inflation, cet ajustement est plus facile à réaliser (en laissant filer les prix sans faire grimper les salaires en conséquence).
Ou seja, na prática, Paul Krugman defende uma redução salarial de 20% nos "países europeus menos competitivos" a realizar nos próximos 5 anos. 
Nos tempos atuais, em que são emitidas múltiplas opiniões dos mais diversos quadrantes, para mim, esta é mais uma (apesar de reconhecer que Paul Krugman é um economista conceituado, como muitos outros que já apresentaram opiniões opostas). 
Espero, apenas, que nos próximos tempos, nos debates televisivos, não tenhamos que ouvir o argumento final e "estafado" da esquerda bloquista e socrática dizendo que a política de austeridade é negativa porque Paul Krugman diz que é negativa!

Maria Antonieta

Atribui-se a Maria Antonieta uma célebre frase proferida  no início da revolução francesa, referindo-se ao povo faminto que se encontrava às portas do Palácio de Versalhes: "Se o povo está com fome e não tem pão que coma brioche".

Esta frase terá sido proferida, não por insensibilidade, mas porque Maria Antonieta viveria num mundo fechado, alheada da realidade francesa.

Cavaco Silva, e muitos dos que nos governam, fazem-me lembrar Maria Antonieta. Não são insensíveis. Estão é completamente desfasados da realidade.
Cavaco Silva passou os últimos 25 a 30 anos entre o ensino universitário e a política alternando entre os corredores da Universidade pública e os da governação. O salário (e pensões) sempre "cairam" sem problema na sua conta bancária.

Enfim, Cavaco Silva e muitos dos políticos que conhecemos, têm vivido no "condomínio fechado" do Estado e acham que a economia "real" existe para sustentar o Estado.


sábado, 14 de janeiro de 2012

Águas de Portugal

A nomeação de Manuel Frexes (presidente da Câmara de Fundão) para a empresa Águas de Portugal é peculiar.
Em primeiro lugar, não se consegue perceber porque se convida um autarca no activo que deveria cumprir o mandato até ao seu final, com base no compromisso eleitoral implícito no momento em que se candidatou. Não existe em Portugal mais ninguém com qualificação e competência para este cargo?
Em segundo lugar, de acordo com notícias não desmentidas, a câmara de Fundão tem um diferendo com a empresa Águas de Portugal do qual resulta uma dívida reclamada por esta empresa de 7,5 milhões de euros.

É verdade que esta situação (deixar acumular uma dívida deste montante) não é nada abonatória para a gestão actual da Águas de Portugal mas também não se pode considerar um cartão de recomendação muito favorável para o presidente da câmara de Fundão.

Aparentemente, a ministra Assunção Cristas considera estes factos normais. Enfim, uma espécie de convite aos autarcas para que as câmaras municipais deixem de pagar água e luz. Poderá ser que assim se tornem os militantes indicados para cargos de gestão, supervisão e assessoria da Águas de Portugal e EDP.

Nomeações na EDP

As nomeações de militantes do PSD e CDS para o conselho de supervisão da EDP vêm, aparentemente, confirmar um fenómeno estatístico estranho que se verifica há alguns anos em Portugal.
Os quadros técnicos com qualificações e competências para cargos de gestão e de assessoria em empresas públicas e similares estão concentrados nos partidos políticos (principalmente PS e PSD). Quer dizer, numa amostra de população não militante nestes partidos, a proporção de pessoas com perfil adequado será inferior a 0,0001% enquanto que, nestes partidos, é de 100%.

Um outro aspecto interessante tem a ver com os argumentos utilizados pelo 1º ministro ("as nomeações não são responsabilidade do governo") e pelo ministro dos Negócios Estrangeiros ("as pessoas não podem ser prejudicadas por serem militantes de um partido" - nós sabemos como os miltantes destes partidos têm sido  prejudicados ao longo dos últimos anos ...
É que estes argumentos são exactamente iguais aos que José Sócrates utilizava quando comentava nomeações similares de colegas de partido para cargos públicos e que Pedro Passos Coelho e Paulo Portas, então, criticavam ferozmente.

Como teremos muitos autarcas não elegíveis nas próximas eleições, temo que mais nomeações similares nos esperem...para aproveitar as competências de gestão que estão seguramente concentradas nestes "gestores" autárquicos. Enfim, mais um fenómeno estatístico peculiar em Portugal.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Como sair da crise...

A crise trouxe uma grande quantidade de comentários e comentadores em jornais, revistas, rádios e tv, seminários, congressos e workshops para além de inúmeros livros editados em que o tema é a crise e como sair dela.
Pode-se dizer que o comentário e o debate são a essência da democracia e que da "discussão nasce a luz" mas, frequentemente, o comentário é infundado e o debate inócuo.
As afirmações de Fernando Lima (consultor político de Cavaco Silva) são ilustrativas da "nebulosidade" informativa que nos rodeia:
"Controlar o fluxo noticioso numa época de grande competição informativa é de vital importância para o êxito de qualquer iniciativa no plano político" ou lembrando o "antídoto" encontrado pela equipa de Reagan para "combater os desvios da mídia" e manter a agenda política controlada, fazendo o que chamavam de "manipulação pela inundação" - excerto do Jornal "O Público"

Enfim, a crise transformou-se num negócio, para alguns!


domingo, 1 de janeiro de 2012

Previsões para 2012


É da tradição fazer previsões para o ano que se inicia. Seguem-se algumas previsões com a promessa de efetuar uma análise a eventuais desvios (colossais ou não) no final de cada trimestre.
Vitor Gaspar – vai continuar a ser ministro das Finanças. As suas conferências de imprensa vão continuar a ser demoradas. Vai justificar os desvios orçamentais mais vezes do que eu farei em relação a estas previsões. Vai utilizar muitas vezes as expressões “mais”, “austeridade”, “impostos” de modo sequencial.
Passos Coelho – vai continuar 1º ministro mas vai descobrir que, afinal, tem menos poder que os presidentes dos sindicatos dos maquinistas, médicos e pilotos e de outras corporações. Vai representar Portugal no próximo congresso do PC chinês em substituição de Jerónimo de Sousa.
Paulo Futre – nomeado para Secretário de Estado dos Assuntos e Negócios com a China.
Cavaco Silva – vai manter o seu perfil de funcionário público, sempre preocupado com a equidade fiscal, nomeadamente com o corte nas reformas de ex titulares de cargos políticos, magistrados, pilotos, médicos e professores. Vai reduzir custos na presidência da república diminuindo o nº de elementos das comitivas presidenciais (de 30 para 29).
António José Seguro – manterá o nome e o cargo de deputado. Continuará a dar entrevistas e a fazer discursos como secretário geral do PS.
PS – Para muitos, incluindo a generalidade dos deputados do seu grupo parlamentar, vai querer dizer Partido de Sócrates. Para bastantes continuará a querer dizer “post scriptum”. Para poucos quererá dizer Partido Socialista.
Jerónimo de Sousa – vai organizar uma visita de estudo de todo o grupo parlamentar comunista à Coreia do Norte para introduzir um novo discurso e práticas no PCP. Após regressarem, o discurso e práticas do PCP vão-se manter (como sempre).
Francisco Louçã – vai-se manter no Bloco de Esquerda como coordenador. Vai seguir estratégia de fusão com Movimentos de indignados, hackers e o Movimento Novo Rumo (de Mário Soares e Joana Amaral Dias) de modo a ganhar dimensão e algum protagonismo político.
PP – partido de Portas ou partido Popular, a dúvida vai continuar durante 2012. À 3ª feira, 5ª feira e sábado apoia o governo PSD / PP, à 2ª feira, 4ª feira e 6ª feira está na oposição. Descanso ao domingo e feriados (só nos religiosos). 

São apenas previsões. Profecias só em http://amanhacinzento.blogspot.com/