Acompanhei, com alguma atenção, o congresso do PS. Confesso que, como "outsider" (não sou militante do PS nem de nenhum outro partido político), preferia que o secretário geral fosse Francisco Assis (FA).
Não gostei, sinceramente, do tacticismo permanente de António José Seguro (AJS) durante o "período socrático", quer dizer, um silêncio que em qualquer momento AJS poderia descrever como apoio ou como crítica (aparentemente, de acordo com o que fosse mais conveniente para a sua estratégia pessoal).
De forma indirecta FA critica AJS em relação a esta postura ao dizer em entrevista ao Jornal i (edição deste fim de semana): "Não vou fugir, nem me vou refugiar em nenhum silêncio cómodo".
A forma como decorreu o congresso veio confirmar as minhas reservas, com o ressurgimento da ala mais à esquerda do PS que eu costumo designar como "esquerda Maio 68" (encabeçada por Manuel Alegre - cuja influência é mais mediática que real - Ana Gomes, Ferro Rodrigues, entre outros), enfim, uma espécie de ressurreição do PS que estava no fundo da gaveta.
Mas é normal! Esta ala esquerda aparece em força na oposição e é recolocada na gaveta assim que o PS vence as eleições.
O futuro de AJS como líder do PS não será nada fácil, "entalado" pelo acordo com a troika assinado por Sócrates, por esta ala esquerda com um discurso assente na "defesa do Estado Social" e por protagonistas internos que aguardam melhor oportunidade, António Costa à frente apesar da votação expressiva de FA para a comissão nacional.
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