No jornal Expresso o jornalista Mário Crespo é incisivo no seu comentário. O modelo de desenvolvimento que seguimos nos últimos 30 anos não é sustentável:
"Estamos a comprometer de vez o futuro de pessoas que ainda não nasceram. (...) Em que se construíram auto estradas paralelas, para ao lado se arrancarem via férreas, oliveiras e vinhas."
De seguida pronuncia-se sobre o PREC (quase) permanente em que vivemos, e que se tem acentuado nos últimos meses:
"No modelo que existe temos uma economia sequestrada por uma reduzidíssima minoria eleitoral, que à custa de membros das suas cúpulas infiltrados em organizações laborais conseguem paralisar o país, contra a vontade do país. E tudo isto com menos de 7% do voto nas últimas eleições gerais e números residuais nas autárquicas."
Escreve sobre os designados "direitos adquiridos":
"Convenceram-nos que era possível reformarmo-nos aos 50 anos e arranjar um gancho em qualquer sítio e depois voltar a ter outra reforma. Como se fossemos todos funcionários do Banco de Portugal. O surpreendente é que ainda não compreenderam. Não perceberam que já não há dinheiro. E que quando se pede dinheiro emprestado hoje, para pagar as dívidas de ontem, estamos a roubar a geração de amanhã e de depois de amanhã."
Por fim, relaciona problemas que temos hoje com o tipo de desenvolvimento económico que prosseguimos nos últimos anos:
"Não compreenderam que o desemprego jovem que hoje nos aflige tem as raízes recentes nas fundações dos Estádios do Euro. Que os aumentos das taxas moderadoras estão a pagar a distribuição amalucada de ontem dos Magalhães. Que perdemos vencimentos para pagar os estudos de aeroportos que não vão existir e a construir apeadeiros e aterros para comboios ultra-rápidos em que ninguém vai viajar"
Daniel Bessa é mais caustico na análise que faz ao modelo de desenvolvimento económico que seguimos nos últimos anos ao afirmar (reportagem do Ionline), hoje num seminário em Guimarães, em tom de provocação e a propósito do sector da construção, que oferecia do "próprio bolso" mil euros ao Estado para "lançar uma grande obra do regime" se essa fosse a demolição dos estádios de Aveiro, Leiria e Faro.
"Se a obra deste regime for essa, que seria extremamente meritória, estou disposto a dar mais", adiantou, explicando que "estimularia a construção" e que "as empresas que fizeram estas obras ficariam agora felizes pela possibilidade de as deitarem abaixo".
No entanto, rematou, "é uma metáfora triste, ilustra que foram feitos erros enormes"
Sem comentários:
Enviar um comentário