O desemprego é um problema sério que Portugal e a Europa no seu todo enfrentam (apesar de, por exemplo, a Alemanha possuir uma das mais baixas taxas de desemprego da sua história). Alguns políticos, sindicalistas e comentadores consideram que o problema de desemprego existente se resolve se dissermos muitas vezes frases do tipo "o desemprego é insustentável", "taxa de desemprego dos mais jovens é de 35%" ou a frase mais célebre "O custe o que custar do primeiro ministro está a levar 900 portugueses por dia para o desemprego". Quer dizer, fazer contas ao nº de desempregados por dia, semana ou mês, dizer repetidamente que há um problema ou mesmo, criar comissões, sem efectuar uma análise séria das causas e/ou propôr soluções é meramente discurso político demagógico e populista para subir nas sondagens.
E, o que é um facto, é que são muito poucos os que se focalizam na análise séria das causas e na apresentação de propostas concretas exequíveis para este problema.
A primeira questão que se pode colocar tem a ver com relações causa - efeito. De acordo com os partidos de esquerda e CGTP a principal causa do desemprego é a implementação das designadas medidas de austeridade em curso e que resultam da intervenção da "troika". No entanto, as estatísticas existentes parecem demonstrar que o problema do desemprego em Portugal tem outras causas mais afastadas no tempo.
O que é um facto é que a taxa de desemprego em Portugal tem vindo a crescer de forma significativa e gradual desde o ano de 2008. De acordo com as estatísticas da Pordata - Desempregados inscritos nos centros de emprego e de formação profissional em Portugal - em Dezembro de 2008 este nº era de 416.000 tendo passado para 525.000 em 2009 (mais 300 desempregados por dia, para usar a terminologia de António José Seguro), 542.000 em 2010 e 605.000 em Dezembro de 2011.
Para além disso, se analisarmos a mesma estatística - Desempregados inscritos nos centros de emprego e de formação profissional - desde o ano 2000 verificamos que, nesse ano, o nº em questão era de 326.000 tendo aumentado para 480.000 em Dezembro de 2005 (mais 154.000 desempregados)
http://www.pordata.pt/Portugal/Desempregados+inscritos+nos+centros+de+emprego+e+de+formacao+profissional-56
As causas do desemprego devem, assim, ser encontradas, provavelmente, no modelo de desenvolvimento que percorremos nos últimos 15 anos (pelo menos) que implicaram um crescimento da economia residual e a um saldo da balança comercial (exportações vs importações) sempre negativo.
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