Até hoje, o governo mais contestado, nos quase 40 anos de democracia, foi o governo do designado Bloco Central tendo Mário Soares como 1º ministro (1983 a 1985).
Eram frequentes as manifestações em várias cidades do país a contestar os salários em atraso e a perda de poder de compra. A inflação atingiu, nesse período valores muito elevados: 25,5 % em 1983 e 29,3 % em 1984.
Com a desvalorização cambial e a taxa de inflação elevada, os salários reais caíram mais de 20%, naquilo a que podemos designar como um significativo empobrecimento da generalidade dos portugueses. Foi o período de encerramento de fábricas e de salários em atraso em todo o país.
Apesar da contestação, frequentemente ideológica e com fins políticos, liderada pelo PCP e sindicatos da CGTP com ameaças que quase se concretizaram em 1985 na Marinha Grande (quando Mário Soares se candidatou à presidência da república), o governo não se demitiu e Mário Soares levou até ao fim o programa de recuperação do país concretizado com o apoio do FMI.
Mário Soares fez bem...e os portugueses agradeceram (elegeram Mário Soares como Presidente da República em 1985) e agradecem a convicção e firmeza demonstradas num período difícil.
Nunca sabemos se o rumo que seguimos é o mais adequado e se outra solução não poderia ser mais eficaz mas não podemos esquecer que os deputados que sustentam um governo são eleitos para mandatos de 4 anos e que quem votou em Bragança, Vila Real, Évora ou Portimão tem legitimidade para esperar que Presidente da República, parlamento e governo funcionem, para além das manifestações e pressões dos corredores privilegiados de Lisboa!
domingo, 16 de dezembro de 2012
Era uma vez...a Revolução
«Tinha 15 anos quando o assassinato de um estudante, Ribeiro Santos, catalisou os sentimentos difusos de revolta que eu já sentia e me levou a tornar-me primeiro num activista das associações de estudantes, logo a seguir num militante radical. Durante os anos que se seguiram dei o melhor de mim, e praticamente todo o meu tempo, à causa da revolução social e política. Até que, ao entrar na maioridade, comecei a ter dúvidas. Depois das dúvidas, vieram as certezas, e à passagem dos 23 anos já compreendera a fatal ilusão em que me deixara envolver. Libertei-me então da ratoeira ideológica do marxismo e dessa sua declinação extrema, o maoismo. Este livro conta a história desses oito anos. Ou, para ser mais exacto, as minhas memórias do que como vivi esse período. São naturalmente memórias pessoais, informadas pelo meu próprio olhar e apenas por ele.»
domingo, 9 de dezembro de 2012
Desigualdades que nunca foram levadas a tribunal constitucional
"933 são os pensionistas da Segurança Social com pensões acima de €5 mil. Uma pequena gota no universo de 2,92 milhões de reformados portugueses por velhice e invalidez e sobretudo se comparados com os 87,2% (1,881 milhões) que, segundo Bagão Félix, recebem até €500 de pensão. Os números reduzem-se drasticamente à medida que se sobe nos escalões: 169 mil pessoas (7,8%) recebem entre €500 - €1000; 93 mil (4,3%) entre €1000 - €2500.
Nos pensionistas do Estado (Caixa Nacional de Aposentações) é o inverso: apenas 21,1% têm pensões até €500. São 95 mil pessoas, num total de 453 mil aposentados. Entre €500 - €1000 são 38,5% e entre €2.500 - €4.000 são 10,3%. Mais de €4.000, o escalão mais elevado só auferem 1,2%, isto é, 5.235 pessoas."
Retirado de jornal Expresso edição de 8 de dezembro de 2012
Nos pensionistas do Estado (Caixa Nacional de Aposentações) é o inverso: apenas 21,1% têm pensões até €500. São 95 mil pessoas, num total de 453 mil aposentados. Entre €500 - €1000 são 38,5% e entre €2.500 - €4.000 são 10,3%. Mais de €4.000, o escalão mais elevado só auferem 1,2%, isto é, 5.235 pessoas."
Retirado de jornal Expresso edição de 8 de dezembro de 2012
domingo, 2 de dezembro de 2012
Basta!
Sinopse
Depois de três bancarrotas em 34 anos, caso único na Europa, será que ainda
não aprendemos a lição?
«Há cerca de 20 anos li um artigo do The Wall Street Journal sobre o que os ex-países de Leste poderiam aprender com a experiência portuguesa (de abertura da economia). Longe estava eu de pensar que os anos seguintes ficariam marcados pelos piores disparates de política económica em Portugal. Disparates que nos estão a custar o futuro.»
Temos uma oportunidade única para inverter o rumo de Portugal. Basta ter coragem.
Um livro esclarecedor, que ajuda a compreender o estado em que o país se encontra e, mais importante, aponta caminhos para evitar erros do passado e recuperar a prosperidade.
«Há cerca de 20 anos li um artigo do The Wall Street Journal sobre o que os ex-países de Leste poderiam aprender com a experiência portuguesa (de abertura da economia). Longe estava eu de pensar que os anos seguintes ficariam marcados pelos piores disparates de política económica em Portugal. Disparates que nos estão a custar o futuro.»
Temos uma oportunidade única para inverter o rumo de Portugal. Basta ter coragem.
Um livro esclarecedor, que ajuda a compreender o estado em que o país se encontra e, mais importante, aponta caminhos para evitar erros do passado e recuperar a prosperidade.
sábado, 1 de dezembro de 2012
O mau crescimento económico...
"Por mim, gostaria que pudéssemos acordar no seguinte: nem mais tempo nem mais dinheiro são suficientes, só por si, para assegurar crescimento económico.
Podemos, hoje, reivindicar mais tempo e mais dinheiro. E eu posso acompanhar essa reivindicação, mas tenho de saber para quê. Porque, se mais tempo e mais dinheiro servirem apenas para aliviar a austeridade, como pretendem alguns (menos impostos, mais despesa, manter défices públicos mais elevados), a essa proposta eu direi não. Se o objetivo é esse, poderíamos até melhorar a vida dos portugueses, durante mais algum tempo, mas estaríamos a fazer tudo menos promover o crescimento económico - estaríamos, apenas, a cavar mais fundo o poço da dívida. Na aparência estaríamos melhor, na essência ficaríamos pior. Dessa terapia já tivemos o suficiente. Seria completamente irresponsável.
O dinheiro não pode alimentar consumo, financiado por dívida. O dinheiro tem de alimentar investimento, que crie emprego e rendimento, e, no fim (não no princípio) permita aumentar o consumo. Se o investimento não se revelar produtivo, no final, nem emprego, nem rendimento, nem consumo - como sabemos de experiência feita. Teriamos gasto o dinheiro, sem crescimento. É nisto que consiste, e bem, a chamada "condicionalidade" alemã."
Excertos da opinião de Daniel Bessa no Expresso (Economia) de 1 de Dezembro de 2012
Podemos, hoje, reivindicar mais tempo e mais dinheiro. E eu posso acompanhar essa reivindicação, mas tenho de saber para quê. Porque, se mais tempo e mais dinheiro servirem apenas para aliviar a austeridade, como pretendem alguns (menos impostos, mais despesa, manter défices públicos mais elevados), a essa proposta eu direi não. Se o objetivo é esse, poderíamos até melhorar a vida dos portugueses, durante mais algum tempo, mas estaríamos a fazer tudo menos promover o crescimento económico - estaríamos, apenas, a cavar mais fundo o poço da dívida. Na aparência estaríamos melhor, na essência ficaríamos pior. Dessa terapia já tivemos o suficiente. Seria completamente irresponsável.
O dinheiro não pode alimentar consumo, financiado por dívida. O dinheiro tem de alimentar investimento, que crie emprego e rendimento, e, no fim (não no princípio) permita aumentar o consumo. Se o investimento não se revelar produtivo, no final, nem emprego, nem rendimento, nem consumo - como sabemos de experiência feita. Teriamos gasto o dinheiro, sem crescimento. É nisto que consiste, e bem, a chamada "condicionalidade" alemã."
Excertos da opinião de Daniel Bessa no Expresso (Economia) de 1 de Dezembro de 2012
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